Lilith na Astrologia: Desejos e Poderes Ocultos

Lilith

Lilith é uma personagem mitológica que desafia os conceitos patriarcais sobre o posicionamento da mulher perante a vida. Na Astrologia, ela possui um papel bastante profundo e significativo, mas que poucos conhecem sem distorções. Trata-se de um arquétipo feminino de muito poder, uma força presente não só nas mulheres, mas também nos homens.

Por muito tempo, Lilith foi chamada de Lua Negra e ainda hoje muitos se referem a ela dessa maneira. No entanto, entendo que essa não é uma nomenclatura adequada, pois ajuda a construir uma carga pejorativa de Lilith que durante muito tempo foi associada ao demônio.

Então, já deixo aqui o primeiro ensinamento:

Lilith não é um demônio!

Lilith é um arquétipo feminino que não se reduz a nada, que não se deixa dominar, que preza pela sua independência!

Considerando que o pensamento patriarcal tentou solidificar o lugar da mulher como submissa ao homem, há quem diga que, por isso, Lilith é uma forte representação do movimento feminista. 

Quanto a essa visão, é preciso ter bastante cuidado para que não se faça a distorção do que é o feminino. De fato, ela representa um desejo de liberdade. 

No entanto, é preciso deixar claro que isso nada tem a ver com qualquer tipo de masculinização do feminino! Muito pelo contrário: Lilith é beleza, sedução, feminilidade máxima, sem qualquer traço de brutalidade ou força masculina.

Antes de qualquer discurso neurótico e doentio, também quero ressaltar que não há nenhum problema nos papéis de mãe ou esposa – essas também são nobres manifestações do feminino.

O ponto é que, infelizmente, ao longo da história, a manifestação do feminino com poder sedutor foi reprimido para facilitar o caminho da dominação masculina e, por esse motivo, a figura mitológica de Lilith foi distorcida para uma imagem negativa demoníaca. Vamos entender isso em detalhes mais à frente neste artigo.

Assim, devido ao dilema da negação da potência máxima da energia feminina na vida prática, Lilith se tornou algo difícil de compreender tanto na individualidade dos homens quanto das mulheres. No mapa astrológico, o ponto Lilith revela essa potência que incomoda bastante até que se dê a devida atenção.

Origem Mitológica

Lilith tem suas raízes na mitologia suméria, babilônica e hebraica. Foi uma das primeiras divindades criadas pelos sumérios e era bastante temida pela cultura mesopotâmica. Nos primórdios, era relacionada à fertilidade da terra pela via das furiosas tempestades. Na sequência, essa associação com a fertilidade da terra passou para a fertilidade humana e Lilith começou a ser entendida como uma divindade de amor e sexo.

Nesse contexto mesopotâmico, há mais de 5000 anos, o lado temido da deusa enfurecida da tempestade foi levado para uma construção negativa da paixão e da sexualidade feminina, pois faziam a associação de Lilith a uma mulher vingativa e maléfica.

A verdade é que a “fúria” nada mais era do que o apetite sexual intenso, profundo, noturno e insaciável  – elementos muito bem representados pela deusa Ishtar. Você deve concordar comigo que essas manifestações ainda são bastante reprimidas no olhar da sociedade sobre o feminino.

Na mesma linha, a deusa semita Asherah era a Senhora da Noite, entendida como a deusa do sexo, da fertilidade, enfim, como uma grande doadora de vida.

Lilith na Bíblia – os judeus e os cristãos

A cultura judaica teve contato com as simbologias da Mesopotâmia e, desde o século VII antes de Cristo precisou fazer da Lilith uma figura demoníaca para fundar as bases de seu patriarcalismo e controle masculinos. Naturalmente, os cristãos acabaram absorvendo esses conceitos. 

O primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, traz referências da figura de Lilith e nos ajuda a compreender como a cultura judaico-cristã projeta a figura da mulher como alguém que deve se submeter ao homem.

A primeira mulher de Adão não foi Eva, mas sim, Lilith! uma mulher independente e poderosa, que optou por ser livre em vez de se curvar ao homem.

Esse é um assunto extremamente interessante e vasto. Então, eu conto maiores detalhes e mostro os trechos da Bíblia nesse outro artigo aqui no Jardim Astrológico:

A negação de Lilith no mapa natal

Querendo ou não, aceitando ou não, Lilith está lá no mapa natal de todos nós. É a força feminina da liberdade e independência pacífica e isso é bem fácil de identificar quando se está negando.

Basta observar como muitos homens e mulheres proferem discursos de liberdade, mas, no fundo, as atitudes revelam um posicionamento de dependência do marido, da esposa, dos pais, do chefe… Uma terceirização da responsabilidade pela própria vida, de forma oculta e enraizada. Sim, viver Lilith na plenitude não é tarefa óbvia, pois passa pelo reconhecimento do desejo e das limitações que a própria pessoa enfrenta.

Lilith na Astrologia mostra a sombra interior, o medo reprimido da liberdade e da mais pura e livre sexualidade feminina, que muitas vezes gostaria de se manifestar fora do que se diz ser correto e convencional. É a liberdade da fúria e da revolta contra as estruturas opressivas. Lilith nos convida a explorar nossas próprias profundezas e confrontar nossos medos, traumas, abrindo caminho para a coragem.

O impacto de Lilith em nossas vidas

Acho que agora já está claro que Lilith representa o lado selvagem e instintivo da feminilidade, sem concessões e restrições. A Lilith interna verdadeira desafia as normas sociais e nos encoraja a abraçar a autenticidade, mesmo que isso signifique ser considerado “fora dos padrões”.

É interessante notar que esse ponto do mapa não se refere apenas aos assuntos sexuais. É uma postura de vida que busca encontrar o equilíbrio da nossa necessidade de expressar nosso lado autêntico selvagem. Ela nos lembra da importância de honrar nossa verdade interior, que pode ser rapidamente compreendida pelo signo em que se encontra no mapa:

A presença de Lilith em um mapa astrológico indica a área da vida em que somos desafiados a abraçar nossa sombra e expressar nosso poder feminino reprimido. No fundo, Lilith fala de feridas emocionais que precisam ser curadas. Esse é o único caminho para que eventual agressividade revoltosa se transforme numa força libertadora em prol da nossa verdadeira essência.

Seja em homens ou mulheres, Lilith é o resgate da nossa própria voz livre das amarras sociais – uma força interior poderosa, sedutora e fértil na vida como um todo. 

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Com amor, com Deus,

Astróloga do Jardim

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