A casa 3 de um mapa astral reflete o espaço interno onde nos permitimos aprender. Na casa 1 a vida começou, na casa 2 tomamos posse do que é tangível para garantir a continuidade da vida. Agora, na casa 3, percebemos que não estamos sozinhos no mundo e que é preciso, então, aprender a interagir com o ambiente ao redor.
As casas astrológicas só podem ser compreendidas na totalidade se conseguimos, num primeiro momento, visualizar as etapas da vida por meio delas. Assim, para que esse artigo faça sentido, deixo aqui os links das duas casas astrológicas anteriores:
Depois da casa 2 (fixa, de terra, sucedente) passamos para a próxima, de ar, mutável, cadente. É a plasticidade da mente e a descoberta de um mundo que vai além das nossas próprias necessidades. E, assim, abrem-se os significados da terceira casa astrológica.
Nível: intermediário
Digo sempre e repito: viver plenamente as experiências de uma casa só é possível se a anterior estiver funcionando com fluidez. Isso não é diferente com a casa 3, afinal, o aprendizado saudável só se torna possível se a barriga estiver cheia. Com fome ou com algum tipo de escassez, prevalece o instinto de sobrevivência e podem acontecer as mais animalescas reações – a razão não encontra espaço para se desenvolver.
Depois da consciência do mundo individual da casa 2, onde todas as esferas do “meu” são defendidas para que as próximas portas sejam abertas, é chegada a hora de perceber que há um ambiente mais amplo além do próprio umbigo e das posses.
É um avançar natural de etapa, assim como uma criança que após querer colocar tudo na boca por achar que todas as coisas são dela, agora começa a interagir melhor com os pais e as pessoas próximas que buscam estabelecer uma comunicação com ela.
Ainda nesse universo da infância, o primeiro ambiente de interação é a própria casa, o ambiente familiar próximo. É por isso que na casa 3 incluímos os irmãos e porventura primos e vizinhos, pois esses fazem parte do nosso primeiro círculo de contato.
Esses primeiros contatos são absolutamente essenciais para que possamos entender até onde somos capazes de colocar em prática o que está na mente. É nesse ambiente de casa 3 que descobrimos a realidade dos limites. A verdade é que não podemos fazer tudo o que queremos e isso se prolonga para a vida adulta.
De repente nos deparamos com limites físicos, limites impostos por outras pessoas (começando pelos pais), limites de recursos (casa 2), limites de ideias, de habilidades de comunicação e de conhecimento em geral. Com isso, percebemos que é preciso aprender algo que ainda não sabemos, se quisermos defender nossos interesses e sermos capazes de entender o ponto de vista do outro – é aqui que se desenvolve o respeito ao próximo.
Então, o tempo todo somos convidados a aprender uma nova habilidade, pois é o que possibilita melhores resultados na interação com outras pessoas, maior precisão naquilo que desejamos comunicar.
Enfim, na casa 3 aprendemos a convencer pois, uma vez expostos ao mundo externo, temos de lidar com o fato de que as atenções não são naturalmente exclusivas para nós e também de que há regras a serem seguidas naquele campo de experiências interativas.
Essa é a grande função da escola no período estudantil – propiciar um ambiente onde as faculdades mentais são desenvolvidas graças aos desafios da interação com pessoas que não temos total controle e das vivências que mostram para o cérebro possibilidades completamente novas.
Assim, o período escolar também é assunto de casa 3, pois está inserido no contexto de que a relação com o ambiente é condição fundamental para a formatação do caráter e para a construção das respostas que entregamos ao longo da vida.
Vale lembrar que estamos falando de uma casa de ar mutável. Logo, a flexibilidade é livre, as possibilidades infinitas. Para além da plasticidade do cérebro e desse lugar na vida em que é possível aprender algo novo, esbarramos, naturalmente, nos deslocamentos.
O deslocamento é a reação física espontânea da curiosidade. Para visualizar com facilidade, basta lembrar da criança que começa a engatinhar e andar – o impulso é o de avançar, alcançar o que antes era impossível, ver com os próprios olhos, sentir-se livre. Após os vários tombos, tentativas e erros, pouco a pouco cresce coragem para avançar.
Como nos ensina Dane Rudhyar, a casa 3 reflete nosso campo de experiências empírico. É preciso chegar perto e observar. Então nos movimentamos, testamos os limites, vemos como funciona e desenvolvemos o pensamento analítico.
É por isso que quando se fala em casa 3 é comum associar aos deslocamentos no trânsito e às viagens curtas. São, sim, manifestações superficiais do universo de casa 3, inseridas nesse raciocínio de movimento necessário para acessar o que está além do ambiente doméstico e começar a descobrir novos círculos de possibilidades.
Podemos transpor toda essa lógica para qualquer tipo de desenvolvimento na vida. Sempre que nos dispomos a aprender algo novo, estamos vivenciando uma experiência de casa 3. No entanto, é preciso ressaltar que a decisão de aprender exige 1 – sair da zona de conforto e 2 – reconhecer aquilo que não se tem domínio.
Assim, no mundo adulto, a falta de humildade é a grande vilã contra o sucesso da casa 3. Não reconhecer que a vida é um jogo, não respeitar os próprios limites e os limites dos que nos rodeiam, acomodar no conhecimento limitado ou, pior, pensar que não há mais nada a ser compreendido – é a receita infalível para o bloqueio do progresso.
Medo de testar novas possibilidades, medo de errar, medo de comunicar são sinônimos de medo de viver. Esses tipos de medo revelam a criança interna ferida que não se permite descobrir. A consequência? A trava na evolução pelas etapas da vida estampadas nas casas astrológicas que estão pela frente.
Aliás, é bom lembrar que por mais que avancemos, todas as 12 casas continuam existindo e atuando. Dessa forma, enquanto há vida, sempre há espaço para aprender mais e mais. Sempre há espaço para testar, descobrir e aprimorar habilidades.
Respeito profundo e reverência absoluta àqueles que nos ensinam algo novo. Pode ser um pai, um professor, um livro, um amigo… Que saibamos nos colocar na humilde posição de receber informações, de não julgar antes de ouvir e acolher o que o outro tem para dizer e mostrar. E, ao fazer os primeiros experimentos práticos, que possamos enfrentar com leveza a possibilidade de dar errado – pois o fracasso é parte estratégica do caminho.
A sabedoria da casa 3 nos ensina que é do lugar de pequeno que alcançamos as grandes realizações.
Com amor, com Deus,
Astróloga do Jardim
P.S.: Estou te esperando no Jardim Astrológico Secreto…
Amante da Astrologia desde 2001. Astróloga profissional desde 2018. Tenho a missão de tornar esse conhecimento milenar acessível para todos com seriedade, integridade e amor.