A casa 2: A manutenção da vida

Casa-2

A casa 2 de um mapa astral reflete o espaço interno do indivíduo responsável por garantir a continuidade da vida. Se na casa 1 a vida deu início, agora na 2 a missão é manter as condições físicas que vão viabilizar todas as outras experiências.

Para entender as camadas de uma casa astrológica, é sempre interessante começar pela compreensão dela como etapa de vida:

Num primeiro, nascemos (ascendente e casa 1), a respiração se inicia (o mais elementar dos processos) e vem à tona a realidade de que nos tornamos únicos no ciclo cósmico (separação física da mãe). Durante esse período a consciência é limitada à existência do próprio corpo físico e daí surgem as transposições de significado do ascendente como como a imagem que apresentamos ao mundo.

Para entender profundamente o significado e a importância da primeira casa astrológica, dá uma olhada no artigo A casa 1: O Ascendente e os Inícios da Vida

Depois, num segundo momento, começamos a perceber que, pelo corpo, podemos vivenciar sensações físicas muito prazerosas e outras um tanto desagradáveis. Pelo encontro com o corpo da mãe, descobrimos o alimento, o aconchego, o carinho, a segurança. Por outro lado, pelo corpo sentimos o desconforto da fome e a repetida necessidade de dormir para restaurar.

É a partir dessas vivências que se abrem os significados da segunda casa astrológica. 

A casa 2 – O seu estoque de vida

Nível: intermediário

Gosto de dizer que a casa 2 é o nosso estoque disponível para a realização de qualquer coisa que se queira ou precise, em qualquer esfera de manifestação. Isso acontece tanto no nível do corpo, das posses materiais e até mesmo dos valores que a alma carrega. 

Vamos entender a manifestação da casa 2 em cada um desses níveis:

O estoque do corpo

Para se manter vivo, o corpo físico precisa da energia que vem dos alimentos e do repouso do sono profundo. Na seara do óbvio, esse estoque de nutrientes é essencial para todas as atividades da vida. A sensação de saciedade, corpo alimentado e descansado é basilar para que o indivíduo seja fisicamente capaz de passar para a próxima etapa, que será do aprendizado e início de desenvolvimento de novas habilidades.

Quando olhamos para esse nível da casa 2, entendemos o tamanho da angústia daqueles que não tem acesso ao alimento, pois isso significa o risco de término da vida que se iniciou na 1 e a inviabilidade de experimentar as vivências e potencialidades de todas as outras áreas da vida, representadas pelas casas astrológicas a partir da terceira.

O corpo é também o primeiro objeto que entendemos como nosso. Para além da aparência do universo da casa 1, na casa 2 se desperta (ou não) o autocuidado e o instinto de sobrevivência. Para firmar a sobrevivência, desenvolvemos, então, o próximo nível dessa casa, o estoque material.

O estoque material

Uma das primeiras palavras que uma criança aprende é “meu”. Depois de entender a existência do próprio corpo, na sequência percebemos que há outras coisas ao redor. A tendência natural é nos apropriarmos desses objetos – tudo queremos pegar, colocar na boca, ter e chamar de “meu”.

Estamos falando do conceito de posse, facilmente traduzido como dinheiro – bastante valorizado na sociedade em que vivemos. Diante de tantas adversidades e riscos da vida real, fica fácil seduzir humanos medrosos para a profunda necessidade de segurança inabalável em forma de riqueza – nem que seja pelo menos uma aparência de riqueza, fácil de construir com fotos e redes sociais.

Não há como negar que o estoque pessoal de dinheiro alimenta em muitos a sensação de poder. Sem adentrar nos desvios do uso deste poder, fato é que o dinheiro facilita muito o acesso a estudos, moradia digna, tratamentos de saúde… conforto de um modo geral. Vemos, então, que a posse e a sensação de ter, tem direta relação com o viver.

As questões materiais e financeiras desencadeiam inconscientemente o instinto de sobrevivência do nível anterior. A falta de dinheiro, ou a mera possibilidade disso (mesmo que remota) tem profunda relação com a experiência da morte e, junto com isso, um medo escondido, porém arrebatador.

A casa 2 não mostra como ganhar dinheiro!

Já que o assunto é estoque material, aproveito a oportunidade para destacar um equívoco muito frequente nos astrólogos por aí ao associar a casa 2 com a maneira que o nativo ganha dinheiro. Aqui, então, é preciso fazer uma limpeza de conceitos e colocar as coisas no lugar. Ganhar dinheiro e receber coisas materiais envolve uma energia de movimento. 

Pode ser um movimento da família de origem em nossa direção, o recebimento de um prêmio após alguma atitude, uma herança após uma morte, um movimento de retribuição por um trabalho… Sempre movimento!

A casa 2 é do elemento terra e da modalidade fixa. Terra fixa, firme, segura, palpável – percebe que é estoque e não movimento? A partir da forma como lida com os assuntos de casa 2 e administra os recursos, os assuntos das outras casas entram em atividade. Pela atividade das outras casas, agora sim, você ganha dinheiro.

Do ponto de vista astrológico, conversaremos a fundo sobre como encontrar o caminho do dinheiro no mapa astral em outra oportunidade. Por enquanto, ainda fica a dúvida: na casa 2 não tem nenhuma dica sobre o acesso à prosperidade?

A casa 2 não revela COMO, mas mostra ONDE está o dinheiro que você pode ir buscar. É bem fácil, basta olhar o local do mapa onde está o regente da segunda casa astrológica. Pegou a dica?

O estoque de valores

Por fim, agora numa camada mais profunda e não tão óbvia de enxergar, precisamos estudar a casa 2 como um estoque de valores, no sentido de experiências acumuladas e crenças herdadas. Da mesma forma que os outros estoques, os valores também são recursos utilizados em todas as outras áreas da vida.

Para os que entendem (como eu) esta passagem terrena como parte de um processo reencarnatório, a casa 2 representa a bagagem de experiências que trazemos de vidas passadas. Ônus e bônus (predisposições psicológicas, poderes e tendências “inexplicáveis” da alma que servem como recursos básicos para as escolhas que fazemos nesta vida. Para isso, exige-se uma interpretação mais avançada que envolve também a casa 12 e o nodo sul (cauda do dragão).

Quanto às crenças herdadas, estou me referindo aos padrões de comportamento vindos dos pais (às vezes de muitas gerações) que nós, sem perceber, replicamos nas mais diversas situações de vida. Esse campo de observação ganhou muita força com o estudo das constelações familiares que sistematizou, dentre outras, a Lei do Pertencimento (importante a interpretação conjunta com a casa 4). Longe de qualquer tentativa de esgotar esse assunto, a casa 2 revela o campo em que nos sentimos seguros – aquele que mantém a fidelidade aos nossos ancestrais.

O que fazer com os recursos?

Essa é a grande pergunta cuja resposta depende do nível de consciência e do livre arbítrio. A casa 2 é, genuinamente, um ambiente de gestão dos recursos e controle de estoque. Aqui somos administradores da nossa própria vida. 

Quando a consciência se eleva e avançamos com sucesso pelas etapas da vida, temos a oportunidade de perceber que, no fundo, não temos nada. Nem mesmo o nosso corpo – que é emprestado e um dia teremos que devolver. Somos gestores e não donos daquilo que nos foi confiado para cuidar e usar.

Em resumo, os recursos da casa 2 devem ser usados a serviço da vida! Em relação ao corpo, ao dinheiro e aos valores que “estocamos”, qualquer manifestação de medo paralisante, vaidade, cobiça, egoísmo, sentimento de superioridade ou abuso de poder implica, necessariamente, em atraso na evolução da alma e na conquista de uma vida leve e verdadeiramente feliz.

Veja também:

Leitura recomendada sobre o assunto deste artigo:

Com amor, com Deus,

Astróloga do Jardim