A Casa 1  – O Ascendente e os Inícios da Vida

Casa-1

A casa 1 do mapa astral marca o início da sua jornada nessa vida terrena. Não um início qualquer, mas o exato momento em que você se apresenta ao mundo como um indivíduo único, interagindo com o ciclo cósmico de uma maneira particular. Afinal, antes disso você até já existia num corpo físico, mas ainda estava se formando no ventre de sua mãe e totalmente vinculado aos ciclos naturais dela. 

Esse ambiente anterior ao nascimento é assunto da casa 12. Agora, a partir da casa 1, você é uma pessoa única. Vamos, então, mergulhar na profunda simbologia da primeira casa astrológica.

Nível: intermediário

A cúspide, aquela linha que demarca o início da casa 1 é o ascendente. Geograficamente, é o horizonte leste, o local onde o Sol nasce e o dia começa – um forte simbolismo esotérico de ponto de partida, do nosso ponto de vista (a Astrologia centrada na Terra). 

No movimento da eclíptica, o signo que está subindo no horizonte leste no momento do nascimento é o ascendente do nativo. Considerando a existência de 12 signos e as 24 horas de rotação da Terra, cada componente do zodíaco fica por volta de duas horas ascendendo a cada dia.

O que há milênios se observou é que cada um de nós, ao nascer, absorvemos a qualidade do signo ascendente e carregamos durante toda a vida. Isso acontece de tal maneira que tudo o que iniciamos se materializa pelo viés desse signo. Conversaremos sobre cada signo ascendente numa outra oportunidade.

A respiração

Respirar pela primeira vez é o grande ato que define a existência individual. Por estarmos inseridos no ventre da mãe, a respiração não era necessária. O oxigênio era garantido pelo corpo daquela mulher especial que nos acolhia.

O nascimento é, sem dúvida, a primeira grande vitória. A vida fora do útero, pela simples existência, já deu certo. Quando o ar entra nos pulmões, automaticamente um novo ciclo biológico começa – o ciclo de inspirar e expirar. Por ser um ato contínuo e tão natural, é comum o ser humano não perceber a devida grandiosidade da respiração. 

Fato é que a respiração é a mais básica necessidade para a manutenção da vida. Sem ar, nada se inicia. Comer, dormir e qualquer outra exigência biológica se tornam secundárias diante do nível de essencialidade do ar e do oxigênio.

O que fazemos quando precisamos nos acalmar, nos concentrar, meditar? Respiramos!

Assim, a respiração funciona como um mecanismo de reconexão com algo primordial, com a alma, com o espírito. Isso me faz lembrar o versículo 7 do Capítulo 2 do Gênesis bíblico, a mitologia judaico-cristã da criação:

E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

Por essa linda metáfora bíblica, vemos, então, que a alma só se torna vivente com ar passando pelas narinas. O ar, o sopro divino.

É pelo ar que entra e sai que conseguimos nos conectar com inícios de qualquer tipo, até mesmo para experiências de retorno e desindividualização, como as que os yogues  treinados conseguem atingir. Esse é o profundo significado da casa 1: não só o início da vida, mas de qualquer projeto pessoal que nos propomos a enfrentar.

E a casa 1?

A casa 1 é, então, o lugar da nossa vida onde acionamos a mudança rítmica para o movimento e para as forças dinâmicas de ação. É a casa 1 que dita o ritmo do caminho e da sua corrida individual. 

Para cada tombo, cada frustração e para cada vontade de desistir, sempre existe a casa 1 apontando a possibilidade de recomeçar – pelo menos enquanto há vida garantida pelo ar que entra no nariz. Conforme o tempo cronológico passa, se sabemos aproveitar com constantes aprendizados, erros e acertos, podemos usar cada vez melhor as potencialidades da casa 1, de um modo cada vez mais único.

É isso, identidade. A primeira casa astrológica mostra a sua forma mais pura de contato com a vida, de orientação no mundo e também a maneira como os outros te percebem. É por esse motivo que se fala tanto de aparência física quando o assunto é casa 1.

nascimento para a luz. é pela casa 1 que começa a entender quem vc é qual é o tipo de experiência que te afirma como indivíduo. Como nos ensina Dane Rudhyar, isso pode acontecer seja no plano instintivo, cultural e até cósmico de forma consciente-ativa ou reflexiva-passiva (explicarei isso numa análise avançada da casa 1).

Sem a compreensão da casa 1, nenhuma outra potencialidade do mapa poderá ser vivida com força e plenitude. Nem mesmo as relacionadas com o Sol! Afinal, para viver o brilho do luminar do dia, é preciso sair de vez do escuro do ventre materno e ir para a vida.

Explicando essa analogia:

O ventre materno é o lugar que mais seguro que nós já pudemos experimentar na Terra. Após o nascimento, em nenhum lugar nos sentimos tão protegidos como lá. É por isso que quando estamos com medo ou tristes, o corpo automaticamente se encolhe, querendo voltar para a posição fetal. Há esse gatilho no cérebro. A posição fetal é, de fato, muito eficiente para o repouso e reabastecimento de energia. Nessa posição, em algum lugar da mente, nos reconectamos com a fonte.  

O mundo externo é arriscado. Segurança absoluta não existe. Ser adulto é administrar o medo. Porém, o medo do novo e essa busca interna pela segurança podem impedir de viver o grande presente da casa 1.

O grande presente da casa 1

Como astróloga e mulher observadora, tenho a nítida percepção de que muitas pessoas (pode ser você), mesmo no auge da vida adulta, ainda estão com medo de ir para a vida que vale a pena. Empurram os dias cumprindo apenas as tarefas esperadas pelos outros, mas não arregaçam as mangas para cumprir os compromissos que de fato levam à própria felicidade.

Pode ser por procrastinação, apego à segurança ou medo de recomeçar, reconhecer os erros e precisar “nascer novamente”. Uma outra possibilidade é simplesmente não saber por onde começar e qual o caminho a seguir.

Isso é pura resistência a descobrir e experimentar os tesouros que já vieram prontos e estão estampados simbolicamente na casa 1. O ascendente e a primeira casa astrológica são justamente a seta que aponta o caminho, o seu caminho. Todavia o verdadeiro caminho vai em direção a uma responsabilidade, a sua responsabilidade individual. E por isso é muito mais cômodo fugir (o cérebro é esperto!). Não é qualquer um que encara a própria missão – uma saga solitária e indelegável. 

O grande presente da casa 1 é exatamente esse: o ajuste de rota rumo àquilo que devemos cumprir nessa vida.

Depois de tudo isso, a mensagem que eu afirmo com segurança e espero que fique gravada no seu coração é que a experiência plena da casa 1 é libertadora. É a primeira porta que se abre para uma vida verdadeiramente com sentido e feliz.

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Com amor, com Deus,

Astróloga do Jardim