As casas astrológicas pela Astrologia Clássica são vistas de uma forma um pouco diferente da Astrologia moderna. Os antigos (e grandes mestres dessa arte) buscavam uma abordagem da vida bem mais pragmática, se fizermos a comparação com as perspectivas psicológicas que temos hoje.
Sou uma eterna estudiosa das duas “Astrologias”. Pelas minhas observações e consultas, afirmo com segurança que ambas estão corretas. E também não há uma melhor do que a outra. Simplesmente são olhares diferentes para o céu, com contexto, objetivos e aplicações diferentes.
Prometo que em outro artigo vou explicar melhor as diferenças entre a leitura clássica e a moderna. Por agora, escolhi te mostrar como os assuntos são organizados nas casas astrológicas pela Astrologia clássica, trazendo algumas comparações do jeito tradicional com o contemporâneo.
Se você quiser ampliar muito mais o seu olhar sobre as casas astrológicas, vem comigo para o Jardim Astrológico Secreto. Lá eu explico as diferentes dimensões de cada casa, mostrando como podem ser entendidas de um ponto de vista físico, psicológico e espiritual.
Nível: básico
Tanto a abordagem clássica quanto a moderna entendem a divisão das casas em cardinais (1, 4, 7 e 10), sucedentes (2, 5, 8 e 11) e cadentes (3, 6, 9 e 12). As cardinais (ou ângulos) são as mais fortes e formam a principal referência para o ser humano se localizar no universo (cruz da vida).
Aqui nós estamos falando do significados radicais, originais de cada casa. No entanto, é muito importante lembrar que as casas podem ser derivadas! Com a derivação a representatividade de cada casa amplia em dimensões astronômicas. Graças a essa técnica temos a possibilidade de enquadrar qualquer pessoa, coisa ou assunto da vida num mapa astrológico.
Observe que a associação dos planetas às casas pela Astrologia clássica segue a ordem caldaica! Não tem nada a ver com os domicílios acidentais que se aprende na Astrologia moderna (Marte na casa 1, Júpiter na 9, etc.).
Pela Astrologia clássica, a primeira parte do céu representa o próprio nativo. É o seu corpo físico, o seu reconhecimento como indivíduo. O início da casa 1 é o ascendente (horizonte leste).
O regente dessa casa tem um peso enorme na leitura, trazendo informações muito diretas sobre como o nativo se coloca na vida e sua principal área de interesse.
Na Astrologia horária (que é uma grande aplicação da Astrologia clássica), a principal função da casa 1 é localizar quem faz a pergunta, representado pelo regente.
Na Astrologia eletiva, representa o empreendimento ou a pessoa que começa algo.
No corpo humano, a casa 1 tem relação direta com a cabeça. É uma casa associada ao planeta Saturno (a encarnação, pela ordem caldaica dos planetas). E também é a casa do júbilo de Mercúrio.
A Astrologia moderna, com um viés mais psicológico, dá muita importância ao signo da cúspide (o ascendente). Pelo signo ascendente se entende como o nativo se apresenta ao mundo e é visto pelas outras pessoas. A casa 1, pelo olhar moderno, marca os inícios da vida.
Todas as posses (exceto imóveis) e recursos materiais estão na casa 2, além dos valores pessoais. O olhar moderno também enxerga assim. Ou seja, aqui tem tudo o que sustenta a pessoa que veio ao mundo pela casa anterior.
É considerada uma casa maléfica, mas não tão ruim assim. Afinal, ter conforto material é um tanto agradável, não é? O problema surge quando a matéria se torna o principal na vida, quando na verdade é a segunda etapa das doze a serem atingidas.
Assim como a casa 2 sustenta a 1, ela representa o pescoço, que segura a cabeça.
Essa casa está associada ao planeta Júpiter. Quem não quer sorte e abundância com dinheiro?
A casa 3 clássica também é bastante próxima do ponto de partida da visão moderna sobre esse setor da vida. Representa os irmãos, vizinhos, primos, colegas do dia a dia. Os deslocamentos rotineiros e os conhecimentos básicos necessários para a vida cotidiana (como saber ler e dirigir) também estão na casa 3.
Então, se um profissional executivo viaja rotineiramente de São Paulo a Nova York para exercer o seu trabalho, esses deslocamentos são assuntos de casa 3 e não de casa 9.
Essa casa está associada à Lua.
Num fácil paralelo com as ações do dia a dia, essa casa representa as mãos, braços e ombros, assim como o signo de Gêmeos.
No fundo do céu encontramos nossa base, nossas raízes – e nisso tanto a visão clássica quanto a moderna estão de acordo. Os nossos ancestrais, os pais, a casa e outros bens imóveis estão aqui. O fim da história também pode ser lido aqui, o que é muito útil em questões horárias.
A grande diferença em relação à Astrologia moderna aparece quando individualizamos cada um dos genitores. O olhar moderno tem forte tendência a afirmar que a casa 4 é a mãe. No entanto, os autores clássicos são firmes na definição de que essa casa representa o pai.
Nesse sentido, e na sequência dos caldeus, a casa 4 está associada ao Sol, o grande pai. Peito e pulmões no corpo humano.
Associada ao planeta Vênus, fica fácil perceber que a casa 5 abraça tudo o que é gostoso de se fazer. Lazeres em geral como bares, cinemas, festas e sexo. Essa é a casa do prazer e de tudo aqui que criamos. É por isso que os filhos estão aqui.
Uma curiosidade clássica interessante dessa casa é a associação com os embaixadores: no tom de Vênus, são aqueles que representam um país com diplomacia, exaltando as belezas locais.
Por ser uma casa ligada aos prazeres carnais, a Astrologia moderna também faz associação com amantes. No entanto, isso é uma grande confusão que pode ser facilmente evitada. Um amante não deixa de ser uma pessoa com quem se relaciona. Portanto, casa 7.
No nosso corpo essa casa representa as costas, o estômago, o fígado e o coração.
Doenças, empregados e animais de pequeno porte. Pela Astrologia clássica, é isso. A abordagem moderna romantizou a casa 6, trazendo uma conotação de cotidiano.
O olhar clássico tem muito claro que, por causa das doenças, essa é uma casa maléfica. O cotidiano aqui, só se for pelas atividades “brutas” que não gostamos de fazer e que preferimos delegar. Antigamente era comum a propriedade de escravos. No contexto atual, podemos inserir faxineiras, pedreiros e todos aqueles que pagamos por serviços podem ser encaixados aqui.
O planeta associado é Marte, o maléfico bruto e cortante. É uma casa associada ao intestino.
Compondo a cruz da vida, a casa 7 é o outro. Os parceiros, os amantes, os sócios, os colegas, clientes, adversários e até os inimigos que conseguimos identificar.
Profissionais de saúde que estão tratando o dono do mapa também estão representados pela casa 7. Afinal, são evidentes parceiros para um objetivo em comum.
Em relação aos advogados, eles também são parceiros, mas de uma outra forma: esses profissionais representam o cliente na disputa judicial ou em negociações extrajudiciais. Nesse caso, os advogados estão na casa 2.
No corpo humano, representa o sistema urinário e reprodutor. A casa 7 está associada à Lua.
Aqui não há o que complicar: essa é a casa da morte, medos e angústias. Sim, é uma casa maléfica.
Porém, a Astrologia moderna acrescentou as ideias de transformação, mundo psíquico, heranças, conhecimentos ocultos e sexualidade.
Essa é a casa que causa mais confusão entre as duas abordagens. Então, se você for utilizar a Astrologia com o olhar clássico, não caia na tentação de misturar os assuntos da moderna pois vai dar muito errado!
Quando se fala em casa 8, muitos acionam a direta lembrança do dinheiro do outro. Na verdade, essa é só uma interpretação de casa derivada, pois é a segunda após a casa 7 (se a 7 é o outro, a próxima é o dinheiro dele).
Saturno é o planeta co-significador. No nosso corpo, o sistema excretor.
O planeta associado é Júpiter e, aqui, temos uma “coincidência” com o domicílio acidental da Astrologia moderna. Essa é a casa da viagem que acontece depois da morte e, a partir disso, nasce a associação com a religião e a espiritualidade.
Do lado oposto à casa 3, tudo o que eleva as possibilidades mentais está aqui: viagens extraordinárias, estudos avançados, conhecimentos elevados.
Por tabela, a meditação, os sonhos e os grandes sábios também são representados pela casa 9.
Seguindo a sequência do corpo, quadris e coxas.
A grande polêmica dessa casa é representatividade da mãe, o que para os modernos está na 4. Porém, se na clássica a casa 4 representa o pai, a parceira mãe só pode esta na casa oposta, a 10.
Os outros significados se harmonizam mais entre as duas visões. Figuras de autoridade, chefes, a profissão, o status social. No ponto mais alto do céu, é o império que temos o potencial de construir.
Marte é o planeta associado à casa 10 e aqui podemos entender como um guerreiro defensor dos grandes objetivos.
No corpo humano, os joelhos.
Essa é mais uma casa que causa espanto aos modernos quando se deparam com o significado clássico. A Astrologia recente associa essa casa aos grupos, à sociedade, à coletividade, enquanto a clássica encaixa esse assuntos na casa 7, a casa dos outros em geral.
Por outro lado, o conceito clássico define essa casa como a região do céu representativa das esperanças e das bênçãos que vêm do céu. Nesse contexto, surgem os amigos. Não amigos quaisquer, mas aqueles poucos e verdadeiros que realmente estão conosco quando precisamos.
As pernas entre os joelhos e os pés estão aqui. A associação é com o Sol.
Pela Astrologia clássica é a pior das casas, representando os inimigos ocultos, a autossabotagem, o orgulho destrutivo, psicopatologias, as prisões. Tudo aquilo que de alguma forma nos confina e nos atrapalha sem que tenhamos clareza do que está acontecendo. Uma região de trevas.
Percebeu que não falei de doenças físicas? Isso é assunto de casa 6 e é por isso que os hospitais estão lá e não aqui na casa 12.
Não por acaso, a casa 12 é o júbilo de Saturno, onde o grande maléfico se sente à vontade para restringir o poder de ação. O planeta associado é Vênus, no sentido de tentação ao pecado.
Aqui também estão os animais de grande, geralmente perigosos.
No corpo, é uma casa associada aos pés.
A Astrologia moderna não exclui esses significados, mas acrescentou uma forte conotação com a espiritualidade, com o período antes do nascimento em que ainda estamos na barriga da mãe e a ajuda ao próximo.
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Com amor, com Deus,
Astróloga do Jardim (Instagram @astrologadojardim)
P.S.: Estou te esperando no Jardim Astrológico Secreto!
Amante da Astrologia desde 2001. Astróloga profissional desde 2018. Tenho a missão de tornar esse conhecimento milenar acessível para todos com seriedade, integridade e amor.